DIÁRIO DOS IMORTAIS
Por Joelson Silvano de Moura – Presidente da Academia de Letras e Artes
Aos nossos leitores da coluna o “Diário dos Imortais”, nesta semana eu gostaria de poder falar sobre os festivais de músicas de MPB. Festivais que foram vistos como protestos, mas que ao mesmo tempo surgiram grandes nomes neste meio artístico. Quero fazer aqui uma homenagem ao Acadêmico José Maria de Albuquerque Rocha, músico, cantor, compositor e interprete, que muito contribuiu com suas letras e canções nos grandes festivais da MPB.
POR ONDE ANDA OS GRANDES FESTIVAIS DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
Nesta caminhada de 1968 a 2023 – com seus 55 anos de fundação, a Alaa- Academia de Letras e Artes de Araguari, vem caminhando firme e forte, fazendo parte da cultura e da arte, onde entre os seus associados, cada um contribuindo com a sua arte e elevando o nome da academia por onde se faz representar. E neste espaço quero falar um pouco da música e da poesia vivida dentro dos grandes e pequenos festivais de música e da sua importância a todos os brasileiros. E entre os acadêmicos da Alaa, temos um remanescente destes festivais, o músico, interprete e compositor, José Maria de Albuquerque Rocha. Ainda na época da “ Jovem Guarda”, teve a oportunidade de dividir o palco com artista também em início de carreira posteriormente consagrados pela mídia. Naquela época, gravou o seu primeiro disco em dupla pop, em parceria com o principal integrante da banda “ The Hot Cat´s”, graças ao seu tio, Professor Padre Caio Albuquerque, prestador de serviços de jornalismo à TV Cultura, revisor de dicionários e outras obras literárias, editadas pela “ Editora Melhoramentos” de São Paulo, a exemplo das obras de “ José Mauro de Vasconcelos”. Apesar da persistência da dupla, com apenas um disco gravado, não foi o suficiente para chegar ao topo do sucesso. Sentiu que continuar aquela busca pela fama e sucesso, não era mais o seu sonho. Vislumbrava horizontes que pudessem melhor alimentar sua alma. Na carreira solo, compondo canções, na linha cultural, participando dos festivais de músicas no Rio de Janeiro e em algumas cidades do estado de Minas Gerais, onde conquistou algumas premiações. José Maria Albuquerque, também entre as suas composições musicais voltadas às mensagens culturais, politicas, românticas e cristã, em sua trajetória em festivais da canção, perduraram entre os anos de 1971 a 1982, com várias colocações em primeiro, segundo e terceiro lugares em suas participações. Vale a pena conhecer o trabalho deste músico e acadêmico da Alaa .
UM PEQUENO HISTÓRICO DO QUE FOI OS FESTIVAIS
O MPB é um gênero musical extremamente importante para a história do Brasil, isso porque este estilo serviu como base de uma boa parte da construção identitária do brasileiro e, consequentemente, foi de muita valia para o que consideramos hoje como cultura. Junto à música popular brasileira, temos os próprios Festivais de MPB que contribuíram consideravelmente na história do Brasil. O ápice desse estilo de música ocorreu em uma época em que as pessoas não podiam expressar seus sentimentos, suas indignações com a realidade e nem suas inclinações políticas. O MPB foi, nesse cenário de ditadura militar (que ocorreu entre 1964 e 1985), uma forma das pessoas, principalmente os mais jovens, de dizerem o que eles sentiam por meio de música e poesia. Nessa época, mesmo que a música fosse uma forma de expressão, nem todas passavam pela censura. Assim, muitas letras do MPB possuem uma carga pesada de mensagens que só podem ser realmente compreendidas a partir de muito estudo e compreensão total do que se passava naquele regime ditatorial. Nesse cenário muitos artistas foram presos, torturados e até exilados. Os festivais de MPB aparecem como uma complementação do que era arte e do que aquelas músicas queriam falar. Assim, milhares de jovens se reuniam em um só lugar para cantar, gritar e, de uma forma ou outra, protestar contra tudo que os contrariavam dentro da ditadura militar. Assim, essas reuniões de artistas da música popular brasileira tinham também um forte viés político. Mesmo que houvesse a possibilidade de a polícia aparecer e acabar com toda a festa, celebração e a luta, era mais difícil que isso acontecesse quando havia um número de pessoas grandes juntos que, mesmo com a pretensão política por trás, só estavam escutando e cantando canções. Quando havia interrupções nesses eventos, a comoção era muito grande, o que causava mais dor de cabeça para o governo. A contribuição dos festivais de MPB para a liberdade de expressão do brasileiro é imensurável e podemos citar, nesse contexto, alguns que se destacaram como os mais importantes. Os chamados “Festivais da Canção” correspondem a um conjunto desses festivais muito relevantes para a cultura brasileira. Esses festivais aconteciam, majoritariamente, na extinta TV Excelsior, na TV Record e na TV Rio e Rede Globo. Apesar dessas que passaram em rede aberta de televisão serem mais famosas, justamente devido ao alto alcance, existiram outros festivais não televisionados que atraiam milhares de pessoas para os shows.
Quem sabe não vem por aí o 1º Festival da Canção da nossa Alaa – Academia de Letras e Artes de Araguari. Fica a dica…