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O BERIMBAL

A Senzala de Grão Mestre Dunga

O senhor Amadeu Martins, conhecido como Grão Mestre Dunga, nasceu em Feira de Santana – Bahia. Ele revelou que foi trazido para Minas Gerais por sua mãe que o deixou, juntamente com as suas irmãs, na cidade de São João Del Rey –MG. Nessa ocasião ele fugiu de casa e passou a viver por conta própria. Com quinze anos de idade ingressou no Exército de Juiz de Fora como Taifeiro (criado de bordo: Dicionário Aurélio), depois ingressou como soldado, quando por volta de 1970 foi transferido para o 12 BI (Batalhão de Infantaria) Belo Horizonte.

Este mestre pode ser considerado como um dos personagens mais públicos da cidade por ter exercido intensamente, durante as décadas de 1970, 1980 e 1990, um trabalho de divulgação da capoeira, liderando, juntamente com outros, rodas nas feiras e praças do centro de BH como a Praça Sete, Praça da Rodoviária, Praça da Estação, Praça da Liberdade e Parque Municipal. Desta maneira, o Grão Mestre Dunga se tornou o patrono da capoeira na cidade. Nas rodas de rua foi protetor da imagem da capoeira desta capital enfrentando qualquer um que desrespeitasse ou desqualificasse os capoeiras daqui. Ao mesmo tempo foi responsável por acolher não só capoeiras de outros estados que visitavam Belo Horizonte e chegavam na roda de rua, como também meninos de rua, de vilas e favelas, inserindo-os nas atividades de aprendizagem e treinamento, de maneira que muitos se tornaram mestres de capoeira que, na atualidade, exercem trabalhos dignos de difusão, preservação da capoeira, além do trabalho social com crianças e jovens em comunidades carentes.

A sede da Associação Cordão de Ouro Eu Bahia, fundada pelo Grão Mestre Dunga em Belo Horizonte, conhecida como A Senzala, é um local que desde a década de 1970 vem sendo utilizado para aprendizagem, treinamento e formação de professores e mestres de capoeira de toda região metropolitana da capital mineira. Este terreno foi apropriado por Amadeu Martins, conhecido como Grão Mestre Dunga, o qual foi um pioneiro da capoeira de Belo Horizonte e de Minas Gerais.

No início, na década de 1970, a Senzala era um terreno desocupado, uma quadra improvisada que passou a ser utilizada para realização de treinos de capoeira. Aos poucos o mestre foi se apropriando do espaço e iniciou a construção de um salão coberto, onde morava e desenvolvia um trabalho de transmissão da capoeira.

Assim, a sede da Senzala pode ser considerada como um dos “templos” onde a capoeira mais se desenvolveu em Belo Horizonte ao longo dos anos de 1970, 1980 e 1990. A história deste local e de seu fundador se mistura com a história da capoeira da capital mineira. São incontáveis a quantidade de pessoas que passaram por este local. Entre os milhares de praticantes de capoeira que trilharam diversos caminhos profissionais, muitos seguiram a carreira de mestres e contra-mestres que formaram seus grupos e desenvolvem trabalhos com esta modalidade, não só em Minas Gerais, como no Brasil e no mundo.

Apesar de passar por alguns problemas de saúde, em que teve que colocar uma prótese nas duas articulações pélvico-femorais, o Grão Mestre Dunga ainda está em plena atividade, liderando rodas de rua como a roda da Praça Sete que é uma tradição quase 50 anos, além de cursos folclóricos e terapêuticos com públicos diversificados como crianças, jovens, adolescentes, adultos, pessoas com deficiência e terceira idade. Mestre Zulu já trouxe o Gão-Mestre Dunga em Araguari, em duas diferentes ocasiões, para que pudesse compartilhar seus conhecimentos acumulados no decorrer da vida dedicada a nobre arte, democratizando saberes e assim passando a partilhar parte da história da capoeira no município.

Vida longa ao Grão Mestre Dunga.

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